Salve nobres, hoje publicamos mais um artigo de autoria de Antonio Mennella,sobre a história de grandes cervejarias internacionais, traduzido do site italiano Giornale della Birra.
Em 1592, Weijintgen Elberts, viúva de um produtor de cerveja, fundou no centro de Amsterdã uma fábrica de cerveja, De Hooiberg (“O Palheiro”). Ainda que fosse a maior da cidade, em 1863 essa fábrica estava em declínio.
Precisamente em 1863, um jovem holandês de 22 anos, Gerard Adriaan Heineken, herdou uma fortuna e, como confidenciou à sua mãe, decidiu conter o crescente alcoolismo propondo, como alternativa aos espíritos, uma cerveja leve com um sabor agradável. Comprou, então, a cervejaria De Hooiberg. No ano seguinte nascia a Heineken & Co.
Com a aquisição da empresa mais importante da cidade e um mercado não insensível à sua boa ideia, Gerard Adriaan Heineken pode iniciar a própria atividade à toda carga. E, com o grande crescimento do mercado, o jovem teve que pensar em uma expansão. Em 1869 inaugurou, nos arredores de Amsterdã, um estabelecimento novo e maior, e não apenas.
Até então, a linha produtiva havia se concentrado nas cervejas de sempre, da Ale à Porter, da Oud Bruin a Faro e à Weizen. E ele decidiu desenvolver uma técnica similar à bávara para a fermentação em baixa temperatura, para obter uma cerveja mais clara e de conservação mais longa.
Fez vir da Alemanha um expert em baixa fermentação e dotou as instalações de um laboratório para o controle de qualidade.
Em 1873, mudou o nome Heineken & Co. para Heineken Bierbrouwerij Maatschappij NV (Sociedade Cervejaria Heineken) com ele como principal acionista. Enquanto a marca De Hooiberg se tornou Heineken.
Em 1874, abriu outra fábrica em Rotterdam para fazer frente ao aumento da demanda e enveredou pela estrada da exportação para a França e outros países europeus.
Com a intenção de lançar uma pilsner de qualidade, o ambicioso cervejeiro de Amsterdam em 1886 contratou até mesmo um aluno de Pasteur. E o doutor H. Elion conseguiu isolar uma cultura de levedura pura, conhecida como “levedura Heineken A”, que ainda hoje é enviada da matriz para todas as fábricas espalhadas pelo mundo.
Com a morte de Gerard Heineken, acontecida em 1893, a propriedade da companhia passou à esposa, Marie Tindal, que a administrou até 1914, quando seu filho, Henry Pierre Heineken, assumiu.
A forte concorrência que se criou no pequeno país entre as três maiores fábricas, Heineken, Amstel e Oranjeboom, levou à constituição de um cooperativa em 1920. De Dreihoek (o Triângulo): cada um dos membros se empenhava a não ampliar a própria clientela em detrimento dos outros dois. Então, durante a depressão econômica global da década de 1930, como a competição era regulada por um acordo entre os produtores holandeses, o triângulo foi dissolvido. Em 1937, a Heineken e a Amstel para salvaguardar a respectiva clientela, estabeleceram um pacto de colaboração que levará, primeiro, à aquisição em comum da Van Vollenhoven e, enfim, à sua fusão.
Mas, ainda antes dos anos 1920, Henry Pierre percebeu que a empresa, com a desvantagem de ter atrás de si um mercado nacional modesto, poderia sobreviver e crescer somente com a expansão comercial.
No fim do primeiro conflito mundial, as exportações começaram a se dirigir a países sempre mais distantes, como as possessões holandeses nas Índias Ocidentais, África, Extremo Oriente e Caribe; e, passado o período do proibicionismo, desembarcaram também nos Estados Unidos. Era apenas a fase inicial de uma estratégia decisiva de internacionalização empreendida primeiro pela Heineken. Nos anos 1950, Alfred Heineken consolidou as bases dessa ambiciosa estrutura. A partir dos anos 1960, às exportações seguiu-se a aquisição de cervejarias fora da Holanda e da Europa.
A velha fábrica, no coração de Amsterdam, é fechada em 1988 e, desde 2001, tornou-se uma das maiores atrações da cidade, um centro dedicado à marca da cervejaria: Museu Heineken Experience. Já em 1968 havia sido fechada a fábrica de Rotterdam. A sede central sempre foi em Amsterdam, mas a produção se desenvolve em dois grandes complexos, em Zoeterwoude, no Sul do país (o mais produtivo, aberto em 1975), e em Hertogenbosch, capital do Brabante setentrional. Uma terceira fábrica é a de Wijlre, da subsidiária Brand.
A Amstel Brouwerij merece uma menção particular. Fundada em 1870 por C.A. de Pesters e J.H. van Warwijk Kooy, tirou seu nome do rio que também atravessa Amsterdam. E ficava ao longo do Amstel, a pouquíssima distância da Heineken. Um incômodo concorrente da mesma cidade que, desde 1956, havia mesmo conquistado um lugar respeitável no mercado holandês. Ainda que a Heineken pudesse se gabar de uma fatia mais consistente da cerveja vendida on tap, além da posição mais sólido no exterior.
Em 1962 começaram as negociações e, seis anos depois, acontece a fusão. Com o fechamento da fábrica em 1980, a marca Amstel sobrevive em algumas cervejas produzidas pela ex-grande rival. De fato, constitui-se na sua segunda marca, amplamente difundida em 85 países, contra os 170 nos quais a marca Heineken é mais comum.
Quanto às outras fábricas holandesas fechadas, vale recordar a aquisição, em 1919, da Griffoen de Silvolde; em 1920, da Schaepman de Zwolle e da Rutten de Amsterdam; em 1932, da Marres de Maastricht; em 1934, da De Kroon de Arnhem e da Twentsche Stoom Beiersch de Almelo; em 1941, da Van Vollenhoven de Amsterdã; em 1952, da St. Servatius de Maastricht e da Vullinghs de Sevenum; em 1953, da De Sleutel de Dordrecht; em 1959, da Henquet de Eysden.
Entre essas, lembre-se em particular da Brouwerij De Ridder, de Maastricht. A denominação (“O Cavaleiro”) é, provavelmente, uma alusão a São Martino, um dos cavaleiros templários. De fato, a cervejaria se localizava na paróquia de São Martino, no bairro oriental de Wyck, que remonsta a 1857, quando existiam na cidade outras 40 fábricas de cerveja. Foi construída na margem esquerda do Rio Mosa, para aproveitar a sua água. A sala de brasagem, de cinco andares, foi construída em 1929-30 pelos então proprietários irmãos Van Aubel.
Em 1982, com a extinção da família Van Aubel, foi adquirida pela Heineken perdendo, ao menos em parte, a identidade regional. Com o sucesso da cerveja de trigo, Wieckse Witte, a produção da De Rider foi transferida, em 2002, para o estabelecimento de Zoeterwoude. De modo que, daquela produção que invadiu o mercado nacional, e não apenas, hoje resta muito pouco.
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