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Da Bélgica: a insuperável Duvel Moortgat

Atualizado: 27 de jul. de 2022

Salve nobres,


Vamos hoje com mais um texto de autoria de Antonio Mennella, traduzido do site italiano Giornale della Birra, publicado primeiramente no seu livro La Birra Nel Mondo, volume II (Meligrana Editore). Dessa vez, a história da mundialmente famosa Duvel.

Empresa localizada na província de Anversa, fundada em 1871 pelo agricultor Jean-Leonard Moortgat junto com a sua esposa, Maria de Block. A cervejaria custou a conquistar um lugar ao sol devido à forte concorrência: naquela época, a Bélgica fervilhava de cervejarias.


Depois da I Guerra Mundial, o gosto dos consumidores belgas começou a orientar-se, sempre mais definitivamente em direção aos produtos britânicos. Albert Moortgat, que substituiu seus pais em 1900, juntamente com o irmão Victor, como cervejeiro, percebe que não poderia permanecer indiferente frente a uma situação como aquela: precisava criar algo de novo, que bloqueasse o fluxo das importações.

Albert tinha a ideia, uma ale de tipo escocês. Mas precisava da cepa de levedura correta. Quando foi para a Escócia, constatou que se tratava de uma tarefa, no mínimo, de ficção científica. Pode-se imaginar bem como os escoceses, conhecidos por sua avareza, estariam dispostos a revelar um segredo tão precioso.


Albert se dirigiu, então, a um luminar no campo da produção cervejeira, Jean de Clerck, professor da Universidade de Louvain, que conseguiu isolar a cepa de levedura de uma McEwan’s Scotch Ale. Nascia, assim, a Victory Ale, de cor âmbar, com um sabor cheio, delicado e levemente amargo. Um nome, Victory, que pretendia celebrar o resultado vitorioso do conflito mundial.

Em 1923, aquela “criatura”, tão esperada, mudou de nome. Durante uma degustação com fins promocionais, um amigo de Albert, o sapateiro Van de Wouwer, logo depois de a experimentar, exclamou: “Dit is een echte duvel!” (“Esta é um verdadeiro demônio!”). Sem dúvida, Duvel (em flamengo, precisamente "demônio") era um termo mais incisivo.


Depois, nos anos 70 começou o declínio das cervejas âmbar a favor das douradas. A Moortgat então operou uma intervenção de restyling: sem alterar levemente a levedura e a fermentação, passou ao uso do seu malte claro (lembremos que até 1980 a fabrica tinha a sua própria malteria) e elaborou aquela que hoje é uma Golden Strong ale. Só que a maltagem, desde 1981, é feita por terceiros na Bélgica e na França.


Mas, por outro lado, é do fim dos anos 60 o nascimento do clássico copo de degustação em forma de tulipa, o primeiro na Bélgica capaz de conter todos os 330 mililitros da garrafa.

Por fim, vem a moda das cervejas mais amargas e lupuladas. E a Mortgaat, mais uma vez, não ficou para trás. Em 2007 lançou a Duvel Tripel Hop que juntava às duas variedades de lúpulo europeu, Saaz e Styrian Golding, o americano Amarillo. Estava programada para ser uma produção one-shot. E manteve-se assim até que, em 2012, devido ao grande pedido dos consumidores, a empresa teve que reapresenta-la, com o Citra (sempre americano) como terceira variedade de lúpulo. E a história se repete com apenas uma produção por ano, mas com um terceiro lúpulo diferente a cada ano.


Desde o seu lançamento, a Duvel foi considerada um clássico, a fundadora do estilo, como a Rodenbach. Claramente outros produtores belgas tentaram copiá-la, sempre com apelativos “diabólicos”; mas a Duvel foi a primeira e permanece ainda hoje insuperada.

Desde o sucesso da sua “jóia”, em 1999, a empresa se tornou Brouwerij Duvel Moortgat. Em 2000, adquiriu também 50% da tcheca Bernard Pivovar e, três anos depois, assumiu o controle da Brewery Ommegang, de Nova Iorque. Abriu, uma filial no Reino Unido para a comercialização direta da sua marca de ponta. Depois, na Bélgica, assumiu o portfólio de produtos de novas especialidades. Em 2006, Brasserie d’Achouffe, em 2008, Liefmans e, em 2010, De Konick. Por fim, voltou aos Estados Unidos para comprar, em 2013, a Boulevard Brewing Company, de Kansas City. E por fim, em 2017, colocou as mães também sobre o Birrificio del Ducato, na área de Parma, com uma participação de 35%.


A cervejaria de Breendonk-Puurs manteve-se nas mãos dos descendentes do fundador até a quarta geração; e é o terceiro produtor nacional (depois da AB InBev e da Alken-Maes), exportando para mais de 40 países do mundo.

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