Salve nobres,
Publicamos hoje mais um texto sobre de autoria Antonio Mennella, publicado no seu livro La Birra nel Mondo, volume I (Meligrana Editore) traduzido do site italiano Giornale della Birra. Dessa vez sobre uma das maiores cervejarias da Itália: o Birrificio Peroni.
Francesco Peroni nasceu em 1818 em Galliate, na província de Novara, em uma família de fabricantes de massa. No fim de 1845, se muda para Vigevano, onde começou a trabalhar como fabricante de garrafas, para abrir no ano seguinte uma pequena fábrica de cerveja que estava sendo vendida em uma sala anexa à unidade de produção com uma permissão especial para ficar aberta até ás 23:30.
Vigevano era um pequeno centro do Reino da Sardenha que contava com 57 cervejarias. Cada uma produzia as mesmas Vienna, Münchner e Pilsner. E o mercado não era tão receptivo porque faltava uma cultura cervejeira. De modo que Francesco se viu obrigado a prestar contas à dura realidade. Da esposa, Matilde Merzagora, tinha 7 filhos, três mulheres e quatro homens. Estes últimos trabalhavam na empresa familiar. Mas entre eles havia certamente muita discórdia.
Depois Vigevano, passou à fazer parte da Lombardia. E embora essa região tivesse sido anexada ao Piemonte em 1859, o fermento da política cavouriana falhou.
Enquanto os sinais de vivacidade econômica se tornavam cada vez mais claros nas grandes cidades, onde universidades, quartéis, tropas estrangeiras e o fluxo de turistas começaram a desprovincializar os gostos e hábitos alimentares. Roma, que se tornara a capital da Itália... certamente teria oferecido algo a mais.
Em 1864, portanto, Peroni se transfere para Roma, onde junto à fábrica abre um pub. Depois entrou em contato com Francesco Malfatti e Pietro de Luca, dois prósperos comerciantes romanos. Nasceu assim a firma Francesco Peroni e Companheiros para a fabricação de cerveja, refrigerante e vinagre, no coração da cidade “eterna”, em uma mansão de 111 quartos que havia pertencido ao Conde Mignanelli.
Em 1867 Giovanni, o primeiro dos filhos homens, com 18 anos recém completados, foi chamado a Roma pelo pai, até porque Malfatti tinha saído de repente da sociedade. Enquanto a empresa de Vigevano continuava a ser dirigida por Francesco ajudado pelo filho Ercole.
Em 1871, a atividade da fábrica, seguida por Giovanni em todos os seus aspectos, é transferida para os arredores de São Pedro.
Muito vantajoso se revelou o casamento de Giovanni com a filha de Giacomo Aragno, proprietário do Café e Confeitaria Aragno, nos arredores de rua do Corso. O local, com a nova denominação de Café Aragno-Peroni, levou a uma ampla difusão da marca da cervejaria em toda a cidade. E Giovanni, que havia adquirido a maior parte do negócio, passou a se ocupar principalmente dele.
No ano seguinte, Giovanni fez vir para Roma o irmão mais novo, Cesare, agora com 18 anos, para dar uma contribuição mais substanciosa à fábrica.
Em 1894, Francesco morreu. Dois anos depois, a empresa vigevanesa fechou por falência, e Ercole se mudou definitivamente para Galliate. Assim, todos os interesses da família Peroni se concentraram em Roma.
Começava uma nova era para a empresa, com um desenvolvimento que não conheceria mais paradas. No fim de 1800 a fábrica tinha um valor de inventário de 280 mil liras. Em 1901, acontece a fusão com a Sociedade Romana para a Fabricação de Gelo, nos arredores da Porta Pia, e surgiu uma sociedade por ações, Sociedade Reunida Fábrica de Gelo e Empresa F. Peroni.
Enquanto isso começaram os trabalhos para a construção de um novo estabelecimento que, embora terminado em 1907, assumirá a estrutura definitiva apenas em 1926 devido a sucessivas ampliações e transformações.
Em 1905, a razão social da empresa foi modificada para Sociedade Gelo e Cerveja Peroni. Aparecia, pela primeira vez, o termo cerveja, a demonstrar a importância que esta bebida tinha assumido no âmbito da sociedade.
Dois anos depois, a Sociedade Gelo e Cerveja Peroni foi colocada em liquidação. Foi constituída logo depois a Sociedade Anônima Cerveja, Gelo e Armazéns Frigoríficos, à qual em menos de um mês se adiciona o nome Peroni.
Nasceu, então, a Sociedade Anônima Cerveja Peroni, Gelo e Armazéns Frigoríficos.
Em 1908, a organização comercial introduz a figura do “viajante”. Luigi Fontana, proveniente da Cerveja Metzger, de Torino, teve a tarefa principal de “viajar” pela Itália centro-meridional com o objetivo de prospectar novos clientes e redigir relatórios sobre as condições do mercado.
Em 1913, Giovanni Peroni se tornou presidente da sociedade que, por sua vez, figurava como primeira empresa do setor cervejeiro italiano.
Durante a I Guerra Mundial, a Peroni conseguiu manter-se à tona com alguns expedientes, como a redução do grau sacarométrico e o uso de substitutos (arroz, castanhas, figos secos) nas proporções naturalmente permitidas por lei.
No final do conflito, no território romano, haviam restado ativas somente duas empresas cervejeiras: a Peroni e a Sociedade Anônima Cerveja Roma. A segunda, constituída em 1913, não tinha certamente as dimensões e o volume de negócios da primeira. Entretanto, tinha sabido superar habilmente os inconvenientes bélicos. Infelizmente, em 1918, foi obrigada a suspender a produção, seja pelos problemas que haviam chovido devido a violações das disposições fiscais sobre a fabricação e exportação de cerveja, seja pela dificuldade na obtenção de matérias-primas.
Parecia que a Peroni não precisava mais se preocupar com incômodos concorrentes... Mas chega de Florença a Cerveja Paszkowski. Primeiro, adquiriu um terreno na rua dos Apúlios para estabelecer um centro produtivo e, em 1920, comprou vizinha inativa Cerveja Roma. Claramente, a intenção era a de empreender uma verdadeira queda de braço com a líder romana pelo controle do mercado na Itália centro-meridional.
A morte de Giovanni, ocorrida em 1922, não pegou o filho desprevenido. Depois de ter dirigido o Café Aragno-Peroni (depois vendido para a Alemanha), Giacomo havia entrado ativamente na empresa familiar havia um ano. E podia contar com uma discreta formação cervejeira: um período de prática junto à Cerveja Forst, uma estada de quatro meses em Munique, na Baviera, para seguir os cursos do professor Fries e visitar as principais fábricas da cidade.
A Peroni assumia dimensões sempre mais amplas. Portanto, era chegado o momento de pensar em um descentramento. Em 1924, decide construir um novo estabelecimento em Bari. No ano seguinte adquiriu um deposito de Nápoles que passou para a gestão dos sócios Manfredi Pronio e Egidio Maone.
No fim de 1926, em um café da Praça Esedra, em Roma, foi inaugurada a campanahy de aquisição da propriedade de fabricas concorrentes. Na Umbria, a Birra Perugia pertencia a dois sócios, Dell’Orso e Sanvico. A família Sanvico era ligada aos Peroni há muito tempo por meio da origem lombarda em comum. Vem daí a facilidade com que Cesare Peroni conseguiu tirar a atividade da viúva Felicina Sanvico. E, uma vez absorvida, a Birra Perugia foi posta em liquidação.
Em Nápoles, as Birrerie Meridionali, com a concorrência somente da Sociedade Anonima Partenope, não apenas dominavam o marcado da cidade, mas também tinham forte enraizamento na Campania e nas regiões limítrofes.
Nascido em 1904 com capital suíço, belga e, em menor medida, italiano, já em 1927 sentiram a necessidade de um aumento de capital para estancar a crise financeira. O ano seguinte fechou com prejuízo. Foi, portanto, uma brincadeira de criança para a empresa romana assumi-las e montar a cerveja Peroni Meridionale, em 1929.
Em Montenero, próximo a Castel di Sangro, a Birra Abruzzo, se mostrava muito ativa ainda que pequena. Tinha a sua sede administrativa em Milão, como milanês era prevalentemente o seu capital social. Com o tempo, apoiada pelo Banco d’Altafena, tinha sabido inserir-se bem no tecido local. Em suma, aparecia como um concorrente bastante desconfortável. Em 1930, a Peroni adquiriu a sua quota acionária majoritária.
No correr de 1930, começaram a se fazer sentir também na Itália os efeitos da crise provocada por Wall Street. A Peroni se colocou logo a trabalhar para procurar conter os danos através de novidades comerciais. Iniciou por revolucionar o conceito e a imagem do produto “cerveja”, lançando o Peroncino, a garrafinha de 200 ml. E o, assim chamado, “quintino” (referência a um quinto de litro) fez tanto sucesso que a empresa foi obrigada a tirá-lo periodicamente do mercado para poder vender os outros formatos.
Até a mensagem publicitária que, até 1924, estava confiada ao “ciociaretto” (assinado por Romulo Tessari, em 1910) que segurava firmemente a caneca espumante de cerveja na rua, havia evoluído. Agora, um garçom despenteado, se apressava na corrida para as mesas com três canecas transbordantes em cada mão melhorando a expressão concreta da bebida consumida no bar, no café e no restaurante. Enquanto que, para incentivar também o consumo caseiro, argumentava com as propriedades nutritivas da cerveja, confrontando-as com as do pão, do leite e da carne.
A partir de 1934, segue-se uma diversificação mercadológica, com a entrada no mercado da limonada, da laranjada e do tamarindo Peroni.
Em 1936, a empresa romana, que já exportava para a Palestina, Síria, Albania, passou a fazer parte da Companhia Imperial para a Cerveja na Etiópia. A nova sociedade por ações da qual a quota majoritária era de propriedade da Dreher. No mesmo ano retoma a política de absorção de outras cervejarias, começando pela Sociedade Anônima Cerveja Partenope, que nunca tinha perdido de vista.
Essa empresa ocupava a sede de uma antiga fábrica que foi incorporada, a Cerveja Carbone, fundada por Enrico Carbone. Tinha uma potencialidade notável para aqueles tempos: 300 hectolitros de cerveja e 600 toneladas de gelo por dia. Mas as grandes dívidas contraídas com o Banco de Nápoles, o Consórcio de Subvenção e outros institutos de crédito locais a levaram à falência, em 1934. Assim, no seu leilão, a Peroni pode comprar o imóvel e o maquinário.
Em 1938 foi adquirida a pequena fábrica de Macerata, a Cerveja Cioci.
No ano seguinte foi a vez da Cerveja Livorno, dos irmãos De Giacomi, fundada por volta de 1892, assumindo uma atividade anterior, de Giuseppe de Giacomi, de origem suíça e procedente de Borgofranco d’Ivrea, onde seu tio tinha um modesto empreendimento cervejeiro.
Chegou o segundo conflito mundial. A Peroni sofreu os maiores danos em Nápoles, depois do armistício do governo Badoglio com os Aliados. As tropas alemãs, de uma relação normal de fornecimento, passaram a requisitar os estoques e depois a exigir a entrega gratuita de cerveja. Por fim, antes de irem embora, explodiram as instalações. Salvou-se algum maquinário e uma parte da bebida que tinham sido escondidos. De modo que a produção pode ser retomada apenas por volta do fim do inverno de 1944.
Em 1953, acontece a aquisição da Cervejaria Dormisch, de Udine. O fundador, Francesco Dormisch, originário de um território esloveno, havia começado a produzir cerveja, em 1881, em uma cidadezinha a cinquenta quilômetros da capital friulana.
Mais tarde, se mudou dera a cidade para construir uma fábrica moderna que, por ocasião da sua morte em 1939, produzia 14.500 hectolitros por ano. Requisitada, primeiro, pelas tropas alemães e depois pelas aliadas, a Dormisch havia se recuperado imediatamente nos anos de reconstrução: no ano de 1952-1953 havia ultrapassado 31 mil hectolitros. De fato, logo após a guerra, começou a se infiltrar nas regiões Marche, Abruzzo, Molise, chegando a Foggia.
Pela primeira vez na sua história, a Peroni considerou oportuno continuar comercializando o produto da Dormisch com a marca de origem no território onde era mais enraizado. Ao mesmo tempo, começou a fornecer gratuitamente material publicitário que logo se tornou produto de troca entre os colecionadores.
Desde 1946, os esforços da empresa estavam concentrados na potencialização dos centros de envasamento. Dois anos depois, com a morte de Cesare, a direção da empresa passou às mãos de Franco, o filho mais velho. Este último foi para os Estados Unidos junto com Alberto Canali e Gaetano Latmiral para uma viagem de estudos, e descobriu na avançada técnica de produção americana, um novo modelo organizacional de logística interna e uma velocidade surpreendente das máquinas de embalagem. Amadureceu, assim, a ideia de construir um novo estabelecimento em Nápoles, mais precisamente em Secondigliano.
Franco retornou aos Estados Unidos e, depois de vários escândalos, confiou o projeto das instalações ao estudo dos arquitetos Harley Ellington e Day de Detroit, especialistas no setor. Comprou todo o maquinário em empresas estadunidenses, exceto o Sudhaus, fornecido por uma empresa alemã. Nasceu, assim, em 1955, a mais moderna fábrica de cerveja da Europa, que adotava o modelo de embalamento americano, utilizando máquinas muito velozes.
De notável importância se revelaram os dois acordos entre cervejarias italianas para unificar os formatos das garrafas. Desse modo, se recuperavam as lacunas e o produto ganhava na sua apresentação geral. Foi ainda realizada, de 1958 a 1965, uma campanha publicitária coletiva em todos os meios de comunicação, com mensagens confiadas a testemunhas do calibre de Anita Ekberg, Fred Buscaglione, Mina e Ugo Tognazzi.
Seguiram-se a aquisição de metade do capital acionário da Cerveja Itália Pilsen, em 1960, e a absorção da Cerveja Raffo, de Taranto, em 1961. Duas empresas de calibre médio. Quanto à segunda, como seu produto estava comercialmente bem estabelecido na Apúlia e Basilicata, e bastante na Campânia e até na Calábria, a marca de origem foi mantida também neste caso.
Na província de Cueno, em Savigliano, A Cerveja Faramia (de Francesco e Enrico Faramia) tinha uma modesta capacidade produtiva que, em 1959, ia apenas além de 4400 hectolitros. Mas, à Peroni interessava entrar no mercado piemontês e a comprou em 1961. De todo modo, as atualizações e modernizações apropriadas levarão a exceder 11.000 hectolitros por ano em 1968.
Apesar de ter sido inaugurado dois anos depois, em 1963, o novo estabelecimento de Bari já estava em funcionamento, com notável contribuição ao crescimento da empresa.
Em 1958, quando a televisão começou a dedicar os primeiros espaços oficiais à publicidade, “Carrossel”, a Cerveja Peroni entrou nas casas de todos os italianos. Porém, o feliz slogan “Cerveja sim, mas Peroni” em pouco tempo teve que ser abandonado, porque a Perolari, de Bergamo, uma empresa que produzia lenços, fez valer os próprios direitos de anterioridade na utilização da frase “Perolari, mas que lenço”. Mas, em 1965, chegariam as “louras” Peroni, elegantes, alegres, sempre marcadas pelo bom gosto; ainda que alguns vislumbrem a exaltação da mulher objeto, não tardando a suscitar polêmicas.
1963 foi também o ano no qual começou uma mudança organizativa decisiva, ardentemente sustentado pela Peroni: passou-se do “franco domicilio” al “franco fabbrica”, com o revendedor na função de elo de conjunção entre a empresa e o cliente; bem como do “vuoto a perdere” ao “vuoto a rendere”. No mesmo ano morreu Franco Peroni. O irmão Carlo se juntou ao ancião Giacomo no comando da empresa.
As dificuldades nas quais se viu o grupo Luciani em 1970 permitiram, à empresa romana adquirir 100% da cerveja Italia Pilsen. Em fevereiro de 1973 o estabelecimento modernizado de Pádua retomou a produção, justamente com muitos técnicos da ex-Itália Pilsen. Enquanto isso, em 1971, entrou em funcionamento também a nova fábrica romana da rua Birolli.
Graças à organização gerencial, à vanguarda na inovação tecnológica, à qualidade dos produtos, à capilaridade da difusão comercial e, principalmente, às campanhas televisivas, em outdoors e na imprensa, nos anos setenta a popularidade da cerveja Peroni teve um crescimento exorbitante em relação à década anterior.
Em 1976, um ano antes de morrer, Giacomo se afastou. A presidência foi assumida por Giorgio Natali, e um dos dois lugares de administrador delegado foi designado a Rodolfo, um dos filhos de Franco Peroni.
Em 1980 nasceu a sociedade operativa por ações Cerveja Peroni Industrial. No fim do ano, em troca da distribuição em todo o território italiano da Amstel, a empresa romana concedeu à Heineken a licença para produzir comercialmente a Cerveja Peroni em Ontario, por meio da Amstel Brewery Canada Limited. No início dos anos oitenta lançou a nova cerveja especial Black. Em 1982 começou a fabricação da Peroni sem álcool, pela linha de produtos Punto Weight Watchers, que será substituída pela Tourtel, em 1988. Em 1983 inaugurou a exportação da cerveja Raffo nos Estados Unidos.
Com a chegada da recessão, a Cerveja Peroni empreende uma maior racionalização da produção, fechando as fábricas de Livorno (então reduzida a depósito) e Savigliano em 1984, com a concentração do serviço comercial para a Itália setentrional em Pádua. A mesma triste sorte teve os estabelecimentos de Taranto, em 1985, e de Udine, em 1988.
O ano de 1986 marcou, graças também à conhecida campanha confiada a Renzo Arbore, uma forte retomada do consumo. No ano seguinte morreu Carlo.
Os anos oitenta viram também o assalto dos colossos internacionais ao setor cervejeiro italiano. Resultado: das indústrias de tradição antiga, mantiveram-se no controle das famílias fundadoras apenas a Peroni e a Forst. Por seu lado, a empresa romana, em 1986, assumiu 35% das ações da Cerveja Von Wunster, de Seriate, para depois as ceder para a Interbrew, em 1991. Mas, a conquista mais importante em nível estratégico e industrial, foi alcançada em 1988, com a fusão por incorporação da Wührer que, com três marcas (Wührer, Crystall e Kronenbourg em três estabelecimentos) produzia anualmente 1 milhão e 200 mil hectolitros. Claramente, em troca, teve que ceder 24,5% das ações da Cerveja Peroni Industrial. Ações que serão resgatadas depois da venda, pela Danone, das atividades cervejeiras para a Scottish & Newcastle.
Prosseguindo, por outro lado, na estrada da racionalização, a empresa romana fechou a fábrica de Brescia, em 1988, e de São Cripriano Po, em 1993. De modo que a produção concentrou-se nos estabelecimentos de Roma, Pádua, Nápoles e Bari, acompanhados pelo estabelecimento piloto de Battipaglia, ao qual foram confiadas cervejas de nicho e os experimentos tecnológicos.
Outra decisão altamente estratégica foi parceria de 1993 com a Anheuser-Busch para a distribuição na Itália, com possibilidade futura de produzi-la sob licença, da Bud, a cerveja mais vendida do mundo. Em consequência dos excelentes resultados alcançados pelo mercado, o colosso americano honrou a promessa e, desde 1996, a Bud começou a ser fabricada em Pádua.
Ainda nos anos noventa, a Peroni acompanhou, na distribuição, à uma variedade de prestigiosas marcas de parceiros estrangeiros (Fuller, Smith & Turner, na Inglaterra; Alken Maes, na Bélgica; König Ludwig, na Alemanha). Depois, com a constituição, em 1996, da Heineken Italia, tinha obtido também a marca Hennninger Itália em 1987, teve que se contentar com a posição de segundo produtor no país.
Por fim, em 2003, Isabella, filha de Giacomo Peroni e última proprietária da empresa, cedeu 60% das ações à SAB Miller. Dois anos depois, as péssimas relações dos acionistas e dos gerentes romanos com o colosso sul-africano determinaram a venda dos restantes 40%. Mas ainda não havia terminado. No outono de 2015, a AB InBev adquiriu a SAB Miller. Para evitar, portanto, contestações da parte do anti-trust europeu, uma vez que já possuía outras marcas decididamente importantes, como Corona e Stella Artois, teve que colocar no mercado as duas marcas premium Peroni e Grolsch, compradas em 2016 da japonesa Asahi.
Atualmente, a Peroni, depois do fechamento em 2005 do estabelecimento de Miano, na província de Nápoles, opera com as unidades de Roma, Pádua e Bari, além da malteria S.A.P.L.O. de Pomezia. A sua produção anual chega a 4 milhões e 800 mil hectolitros, com uma quota do mercado de 19%. Fabrica também a Miller Genuine Draft e a Tourtel. Importa a checa Pilsner Urquell, as inglesas Fuller’s Golden Pride e Fuller’s London Pride, as holandesas Grolsch Herfstbok e Grolsch Weizen, as belgas Saint Benoit Ambrée, Saint Benoit Suprême, Saint Benoit Blanche e St. Stefanus.
A sociedade romana sempre desempenhou um papel distintivo no setor promocional. Fez-se referência às campanhas publicitárias inspiradas no conceito loira = cerveja + mulher, uma ideia genial do criativo Armando Testa. Iniciou-as a sueca Solvi Stübling, em 1965, vestida de marinheira e encantando o público com o slogan “Me chame de Peroni, serei a sua cerveja”; continuaram-nas tipos como a loiríssima americana Jo Whine (1973); a inglesinha de olhos de gelo Michelle Gastar (1974), a sul-africana de rosto inocente Anneline Kiel (1977) e a americana Lee Richard (1981). Depois foi a vez da primeira e única porta-voz italiana Milly Carlucci (1984); a seguiram as top models dos anos noventa, a sueca Phillipa Lagerbäck (1993), Adriana Skleranikova (1997), a “eslovaca das pernas mais longas do mundo”, a americana Jennifer Driver (1997) e, por fim, a dinamarquesa Camilla Vest.
Depois, a Nastro Azzurro partiu para o ataque do segmento premium, dominado por marcas estrangeiras. E as campanhas publicitárias para relançar a sua imagem, focaram no conhecimento e apreço de que o produto gozava além fronteiras. Os protagonistas dos comerciais foram personagens estrangeiras, que chegaram de diferentes formas ao sucesso, mas sempre graças à paixão pelo nosso país e pela Nastro Azzurro. Em 2005, um rapaz negro de Nova Iorque atravessava o transito com um Fiat 500 transformado em táxi oferecendo aos clientes Nastro Azzurro de um frigobar que tinha a bordo. Em 2006, John, um rapaz de Londres havia iniciado um negócio de culinária italiana a domicílio, transportava na sua Vespa uma maleta contendo os melhores ingredientes italianos acompanhados invariavelmente de Nastro Azzurro. Em 2007, Dan, um jovem crupiê de Las Vegas, introduziu o sete e meio no blackjack enquanto em casa, durante as festas inspiradas na Itália, oferecia Nastro Azzurro aos amigos.
Para a Peroni, também o futebol representava uma atividade estratégica muito importante. Desde o patrocínio ao Milan e Napoli passou ao da seleção nacional no quadriênio 2003-06 e ao do campeonato europeu de 2008; e em ambas ocasiões lançou uma edição especial limitada, a segunda com a assinatura de Giovanni Peroni. Quanto ao sport em duas rodas, por outro lado, desde 1997 ligou a sua marca de maior prestígio, Nastro Azzurro, à imagem do campeão Valentino Rossi em uma forte associação entre a marca e o personagem: Nastro Azzurro HMS (sigla de Honda Motorcycling Series) era a versão de colecionador da Nastro Azzurro. Foi também, até 2009, patrocinador oficial da seleção italiana de rugby.
Em 1995, inaugurou o primeiro Crazy Bull Café, tipo American Restaurant & Music Bar, inspirado na América dos anos cinquenta. Ao qual seguiram-se outros, até se tornarem trinta sobre todo o território nacional, com a formula do franchising. Outros locais patrocinados: os Peroni Music Café, tipo Italian Cafè. Mas, em 2005, a empresa romana cedeu a sociedade de gerenciamento dos Crazy Bull à Ranafin, reservando-se por três anos a exclusividade no fornecimento de cerveja (Crazy Bull Classic, premium lager clara; Crazy Bull Red, Vienna âmbar; e Crazy Bull Dark, lager escura).
Finalmente, para lembrar um outro brilhante plano de negócios realizado com o Instituto Cerealício e o Conselho para Pesquisa e Experimentação em Agricultura de Bergamo, a pesquisa e o controle da cadeia de suprimentos com a utilização de um tipo de milho autóctone, sem OGM, Peroni, cultivado em uma network de empresas agrícolas entre as margens dos rios Adda e Brembo.
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